quinta-feira, 15 de maio de 2014

DOIS

Às vezes eu queria dois dias num dia só, um para fazer tudo que eu preciso e outro para fazer tudo que eu gosto. Também queria duas memórias, uma para guardar tudo que é importante e querido, e na outra eu colocaria tudo que me fez mal e machucou, então eu esqueceria; daí eu guardava só as cicatrizes na alma e no corpo, para lembrar que de alguma forma me fiz mais forte! Depois eu queria duas chances, uma para agir (errar e acertar) humanamente, na outra eu faria TUDO igualzinho, para não esquecer quem eu sou. Para melhorar eu queria SÓ dois planos: o Plano A, no caso de um tiro certeiro, e o Plano B, caso o A não dê certo. E PIMBA! E basta de me planejar e replanejar, de novo e outra vez, e não ver nada dando certo. Mas o que eu queria mesmo eram dois corações, Para amar e amar mais ainda. É! Eu queria era ter dois corações. Um só para mim, e outro para repartir.

Nadine Luize Barbosa

sexta-feira, 9 de maio de 2014

AS PROMESSAS DO ENEM/SISU E DO PENAEST

Lembro que certo dia encontrei um militante da UJS e membro do DCE no saguão do auditório Paulo Souto e discutimos sobre a adoção pela UESC do ENEM/SISU. O ano era 2011, e a universidade acabara de aderir a esse sistema como alternativa ao antigo vestibular. Segundo ele, em conformidade com o que propagandeava o governo, tal substituição ampliaria o acesso ao ensino superior, pois seria possível concorrer a vagas em instituições localizadas em locais distantes, sem precisar gastar dinheiro com passagens, além disso, a taxa de inscrição do ENEM é mais barata do que a dos vestibulares.
Concordei que é necessário ampliar o acesso ao ensino superior, mas em minha visão a substituição do vestibular pelo ENEM/SISU não significaria isso. Expliquei a ele que, com a substituição, teríamos um número possivelmente maior de alunos disputando o mesmo número total de vagas. Além disso, prevaleceria a concorrência injusta entre estudantes de diferentes regiões, com realidades educacionais bem diversas. Afirmei também que, segundo informações veiculadas na imprensa, algumas universidades que haviam aderido ao programa estavam com vagas ociosas em diferentes cursos e que o mesmo poderia ocorrer à UESC.
Alguns estudos realizados antes daquele ano apontavam que muitos estudantes não possuem condições para estudar em instituições localizadas fora do local onde residem suas famílias, realidade que se mantém na atualidade e que é a verdadeira causa da sobra de vagas após a adoção do ENEM/SISU. Lembro que disse isso ao colega, mas ele rebateu esse argumento, dizendo que, atento a esta problemática, o governo destinaria recursos financeiros para serem investidos em programas de assistência estudantil, através do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAEST). Segundo ele, ao adotar o ENEM/SISU a UESC receberia já no primeiro ano (2012) mais de 1 milhão de reais do PNAEST.
O governo conseguiu fazer com que o ENEM/SISU fosse aceito por muitas universidades, a promessa da verba do PENAEST contribuiu muito para isso, assim como, o apoio prestado pelos militantes da UJS e do PT. Aqui na UESC, seguindo a lógica de sempre, o programa foi abraçado e implementado quase sem discussão. E não deu outra, estamos com vagas sobrando. Diversas chamadas são feitas, mas ainda assim não preenchem as vagas. A verba do PENAEST de 2012 só veio chegar agora em 2014, como resultado da pressão exercida pelos estudantes que ocuparam a reitoria. Além do atraso é uma verba insuficiente.
É preciso que o governo federal amplie os investimentos do PENAEST e garanta seu pagamento sem atraso e que invista imediatamente 10% do PIB na educação pública, como reivindicam os setores mais combativos do movimento em defesa da educação pública; é preciso que o governo estadual atenda as reivindicações do movimento docente e estudantil das estaduais e invista 7% da Receita Líquida de Impostos (RLI) nas estaduais e 1% na assistência estudantil. Só assim serão atendidas as reivindicações históricas do movimento estudantil, garantindo uma verdadeira ampliação no acesso ao ensino superior público, assegurando condições dignas de permanência e a qualidade da educação.
Porque no fundo a gente vive assim
A bambolear no mundo
Sempre a querer-se outro
E noutro encontrar-se.
Dizer que o outro é teu
Meu Deus.
Porque?
Porque?
Só bastaria amar.
Amar como os gatinhos
Que roçam e miam e sentem fome.
Quem julgará os gatinhos
Com aqueles olhinhos que não mentem?
Ninguém nunca exigiu que eles cortassem
O coraçãozinho.
Porque?

Magno Luiz da Costa